Conversamos com Felipe Rezende, co-fundador da startup Evobooks, participante da primeira turma do programa Start-Up Brasil. A empresa atende mais de 1.100 escolas no Brasil e teve um faturamento aproximado de R$ 5 milhões este ano e representou o Brasil em um encontro internacional de ecossistemas de empreendedorismo. Confira abaixo a entrevista com o empreendedor.

Como foi a participação da Evobooks nesse evento internacional? 

Fizemos parte da primeira turma de aceleração do Start-Up Brasil. Durante a aceleração, a equipe de gestão do programa implementou uma metodologia de acompanhamento de métricas de evolução da empresa, como amadurecimento do produto, tração no mercado, crescimento e sustentação das receitas, entre outras. Segundo essa métrica, fomos a empresa que apresentou os melhores índices, e por isso fomos representar o Brasil, junto com o Felipe Matos, COO do Start-Up Brasil, no evento Startup Nations Summit 2014, de 23 a 25 de novembro, em Seoul, na Coréia do Sul.

O Startup Nations é um evento novo, que vai para sua terceira edição, mas que é reflexo de um movimento mundial de programas de fomento às startups e aos ecossistemas empreendedores. São 45 países, cada um com seu programa (Startup Chile, Malaysia, Korea, Australia, etc.). Estiveram presentes mais de 2.000 pessoas, entre empreendedores, líderes e palestrantes.

Foi muito bacana ver como governos em todo o mundo estão investindo pesado em seus ecossistemas de startups. Mesmo nos EUA, que já dispõe de um ecossistema fortíssimo, especialmente no Vale do Silício, existe o Startup America para levar o empreendedorismo de impacto para todo o país, com o envolvimento direto e pessoal do presidente Obama, conforme explicou Douglas Rand, assessor da Casa Branca, presente no evento.

Acima de tudo, é fantástico encontrar empreendedores do mundo todo e ver o quão universal é esse espírito. Trocamos bastante figurinhas e contatos. Queremos trazer essas visões para contribuir com nosso ecossistema, do ponto de vista dos empreendedores. Foi muito enriquecedor e agradecemos a todos do Start-Up Brasil pela oportunidade e apoio.

Outro ponto muito importante, que gostaria de destacar, foi o suporte e atenção que foi dado a Evobooks, através da Embaixada Brasileira em nossa visita à Coreia do Sul. A Embaixada nos conectou a importantes players (instituições, empresas do mercado) e nos agendou reuniões.

A Evobooks se interessa em exportar, fazer negócios com empresas de outros países?

Paralelamente ao evento, fizemos uma missão comercial com a Embaixada Brasileira na Coréia do Sul, como mencionado acima. Visitamos o órgão do Ministério da Educação da Coréia do Sul, responsável pelo ensino digital no país, 3 editoras de livros didáticos com interesses em digital e Brasil, além de 2 escolas coreanas, uma pública e uma particular.

O modelo de negócio internacional que estamos desenvolvendo passa por parcerias com grandes editoras, então foi excelente iniciarmos nossa presença naquela região. Foi fantástico ver a surpresa e empolgação dos coreanos ao verem que algo tão “cutting edge” estava vindo do Brasil. No que se refere ao governo e às escolas, estamos escrevendo um artigo para compartilhar esse aprendizado com a comunidade de educação.

Qual é o momento da Evobooks: acertou o produto e o modelo de negócio? Está crescendo?

Podemos dizer que temos uma proposta atrativa para as escolas no Brasil, quando buscam parceiros para implementar estratégias de ensino digital. No centro da nossa oferta, estão nossas coleções de livros-aplicativos interativos. Eles são os responsáveis pelo aumento do engajamento dos alunos, o “brilho nos olhos” ou os “momentos a-ha”, como falamos. Em torno disso, nós entregamos livros do professor, apostilas e melhores práticas em ensino digital para sala de aula, assim como formação para os professores.

Com esse modelo, estamos encerrando 2014 com mais de 1.100 escolas pagantes no Brasil, cerca de R$ 5M de faturamento, e um pipeline firme de R$ 8M para 2015.

Mas devo dizer aqui que, mais importante ainda do que o tão sonhado fit do produto com o mercado (produto que satisfaça o mercado), está sendo a capacidade de execução demostrada pela equipe e processos que estamos construindo, tanto em produto quanto em vendas, em um setor tão desafiador quanto o educacional digital.

Como foi o processo de aceleração da Evobooks com a aceleradora Outsource Brazil, por meio do programa Start-Up Brasil?

Gostamos da abordagem da Outsource, especialmente na questão do go-to-market (acesso ao mercado). O Robert e a equipe são especialmente focados em resultados. Compartilharam alguns conhecimentos de canal, marketing, processo de captação de leads, conversão. E particularmente em B2B, onde atuamos principalmente. É uma abordagem pragmática e sem muitos rodeios.

Quais foram os principais aprendizados da Evobooks desde a sua criação, passando pela aceleração, até chegar neste ponto?

Quando fundamos a empresa em 2012, recebemos muitos questionamentos quanto à dificuldade de empreender em educação. Percebemos que as pessoas tendem a focar mais nos problemas e nos desafios do que nas soluções. Só que, para nós, tudo foi sempre muito claro: se criarmos algo que os alunos vão amar e se engajar, só dependerá da nossa capacidade de execução fazer com que isso se difunda. E no dia em que fizemos nossos primeiros protótipos e mostramos para as crianças, já obtivemos a seguinte reação: “UAU”. Ali, naquele exato momento, sabíamos que tinhamos uma missão. Se outras grandes empresas conseguiam ter sucesso nesse setor, muitas vezes com materiais que oferecem o oposto do “uau”, por que nós não conseguiríamos?

Alguma dica para empreendedores e startups que estão em momento de ser acelerados?

Uma estratégia que uso é mentalizar o que esperamos no final de um esforço. Se estamos falando de um processo de aceleração, o que você vai querer mostrar na “formatura”, no demo day, na entrevista, depois de 1 ano? Outra coisa é que se você está recebendo a aceleração, quer dizer que está com bom “momentum”. Aproveite o embalo, e já tente o mais rápido possível ir para a próxima etapa. Seja quanto a capital, clientes, equipe. É a hora de usar e “vibe” positiva a seu favor, não deixe esse momento passar.