Levantamento com mais de 500 empresas mostra que startups nacionais precisam de suporte em diferentes etapas e de uma comunidade forte e colaborativa

O ecossistema de startups no Brasil precisa ser fomentado, pois possui muitas oportunidades para investidores e empreendedores. É esta a conclusão de um estudo encomendado pela Redpoint eventures, firma líder de capital empreendedor que faz investimentos em empresas de tecnologia em estágio inicial, em parceria com a Softex, gestora do programa Start-Up Brasil, e a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), à consultoria Duplo Efeito. De acordo com o levantamento, realizado com 525 empreendedores brasileiros durante o mês de abril, as principais barreiras à criação de um “Vale do Silício nacional” são a dificuldade de acesso ao investimento e suporte dos investidores – mais da metade das empresas ouvidas, 53%, nunca recebeu qualquer aporte – e as necessidades de maior apoio governamental e uma maior integração e colaboração entre os participantes da comunidade empreendedora.

Trata-se da primeira pesquisa do gênero realizada no país com o objetivo de traçar um raio-x sobre o que os empreendedores pensam quando buscam financiar suas empresas de rápido crescimento. O levantamento revelou que as startups brasileiras demandam muito mais do que suporte financeiro e empresarial – para elas, o fundo ideal é aquele que também assume riscos (para 14% dos respondentes), acredita no empreendedor (8%) e participa do dia a dia da empresa, porém respeitando a independência do empreendedor (8%). A grande maioria delas, 90%, considera que estes fundos devem ter profissionais experientes e que conheçam o negócio no qual estão investindo. Ao mesmo tempo, 85% acreditam que é muito importante que esses fundos já tenham um histórico de sucesso.

Dentre o total de participantes da pesquisa, 78% possuem faturamento de até R$ 1 milhão. A maioria dos respondentes empreende na área de tecnologia (44%) e já apresentou formalmente sua empresa a algum investidor (61%). Dentre os poucos que já receberam aporte, o investimento-anjo representa a principal fonte dos recursos (27%). Além disso, a maioria encontra-se nos estágios de tração (41%) e de operação (38%), ou seja, em fases nas quais a startup já não é mais somente um ideia ou plano de negócios e já começou a operar, podendo ter time dedicado e carteira de clientes.

“O perfil dos respondentes é composto, basicamente, de startups em estágio inicial que já atuam no mercado e buscam investimentos para alavancar o crescimento dos negócios. Isso quer dizer que os insights que obtivemos na pesquisa vêm justamente de um público qualificado que está entrando no ecossistema agora e comparando possibilidades de investimento”, explica o sócio da Redpoint eventures, Anderson Thees.

“Os resultados da pesquisa demonstram uma maior maturidade dos empreendedores em relação à busca por investimento. Mais do que investimento financeiro, o empreendedor busca um sócio experiente que vá contribuir de forma ativa com o crescimento do seu negócio”, comenta Vitor Andrade, gestor do Programa Start-Up Brasil, iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação com gestão da Softex e que contribuiu com a divulgação da pesquisa junto à sua rede, formada por 17 aceleradoras e 183 startups em todo o país.

“É de extrema importância acompanhar e estudar os números que pesquisas desse porte oferecem ao mercado, já que apenas dessa forma encontraremos caminhos para tornar cada vez menores as barreiras de acesso ao investimento pelos empreendedores. É interessante notar que as startups querem observar o histórico dos investidores, o que denota a necessidade de continuarmos a fomentar o amadurecimento e consistência do ecossistema”, afirma Andre Diamand, presidente da ABStartups, que também aproveitou sua capilaridade para divulgar a campanha nos mais de 15 Estados onde possui representantes.